Tinha um documentário na minha lista do Netflix há um tempão, daqueles que eu sempre passava e falava "um dia preciso assistir isso aqui", sabe? Finalmente assisti. "Quanto tempo o tempo tem" é um documentário brasileiro lançado em 2019, dirigido por Adriana Dutra e Walter Carvalho, que aborda a relação entre o tempo e a vida. Tenho pensado bastante na minha própria relação com o tempo ultimamente. Tenho a tendência de ter muita pressa sem saber de onde essa pressa vem ou pra onde ela vai. O doc explica que não sou só eu. São entrevistados diversos filósofos e cientistas que refletem sobre como a gente percebe nosso tempo. O que mais me chamou a atenção no doc foi o seguinte: A gente tá acostumado a um tempo da era industrial. Ou seja, a gente tá acostumado à tríade do Estudar/Trabalhar/Descansar. Era assim antigamente, quando a vida era realmente dividida nessas 3 fases e, depois de décadas de trabalho, você se aposentava e descansava nos anos que tinha pela frente. Só que, como o doc pontua muito bem, era uma época diferente, inclusive quando a gente pensa na medicina e na expectativa de vida que a gente tinha. Os anos de descanso não eram tantos assim. Mas a gente se acostumou à ideia e é assim que continua dividindo não só nossa vida, mas também nossa semana (dia útil pra estudo e trabalho, e fim de semana pra descanso) e nosso dia (durmo por algumas horas, trabalho por várias horas, faço todo o resto no tempo que sobra). Isso te soa familiar? A mim sim. Fato é que essa divisão não faz mais sentido. Avançamos muito, nosso trabalho já não é mais tão físico quanto costumava ser, nossa expectativa de vida aumentou e, ainda assim, continuamos com muita pressa. Pressa pra quê? Por quê? O doc também traz outras reflexões muito importantes sobre a nossa relação com nossa própria finitude, ou seja, nossa morte. Será que a gente deveria apenas aceitar a morte? Será que a gente vai conseguir driblá-la em algum momento?